Baseando-me, em algumas buscas referentes à Guerra de Canudos e suas
várias versões e interpretações, tomei como referência principal e norteadora
para minhas conclusões o artigo de Vanessa Sattamini Varão Monteiro ( 50 anos
de canudos/PPGHIS/PUC-RIO), por ela fazer uma reflexão acentuada sobre os
perpasse da guerra de canudos tentando mostra que nem tudo que foi escrito
sobre o conflito em Belo Monte pode ser considerado como verdade, uma vez que o
interesse em calar a verdade foi muito maior do que o da memória, e sendo assim
pôde fazer uma reflexão sobre o enunciado abaixo retirado de OS SERTÔES de
Euclides da Cunha.
"...
ao entardecer, quando caíram seus últimos defensores, que todos morreram. Eram
quatro apenas, um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais
rugiam raivosamente cinco mil soldados. (...) No dia 6 (de outubro de 1897)
acabaram de destruir desmanchando-lhes as casas, 5.200, cuidadosamente
contadas".
Vanessa Sattamini, em seu artigo tenta
mostrar que a Guerra de canudos contada por Euclides da Cunha pode haver um
excesso de exagero quando ela cita o pensamento do historiador Roberto Ventura, um dos biógrafos de
Euclides, que afirmou certa vez que Canudos e Conselheiro incomodavam Euclides
porque não cabiam na metáfora da linha reta pela qual ele, Euclides, se definia
desde a juventude. A falta de simetria das casas de taipa erguidas sem um
planejamento prévio remetia o engenheiro a um terremoto. Ainda observamos a
partir deste artigo que Vanessa Sattamini, apresenta a antipatia de Euclides
por Conselheiro quando apresenta a imagem do conselheiro que havia sido criada
por Euclides:
(...) E surgia na Bahia o
anacoreta sombrio, cabelos crescidos até os ombros, barba inculta e longa; face
escaveirada; olhar fulgurante; monstruoso, dentro de um hábito azul de brim
americano; abordoado ao clássico bastão, em que se apóia o passo tardo dos
peregrinos.. (CUNHA,2001:215)
Sendo que a imagem
apresentada por pessoas que conviveram com conselheiro difere bastante do
monstro descrito na obra de Euclides, assim como podemos observar nos
depoimentos retirado do referente artigo: Maria Avelina da Silva assim o
descreve: O Bom Jesus foi um santo homem que somente aconselhava para o
bem. Nunca fez mal a ninguém. Francisca Guilhermina dos Santos, que tinha
15 anos quando o conflito começou reforça as palavras de Maria Avelina: Conselheiro(....)
só dava conselhos bons. Manoel Ciríaco o descreve como Homem bom e
respeitador. Mulher para ele era para se respeitar e muito. E para reforçar ainda esta imagem descrita nos
depoimentos vejamos o que escreveu o coronel Dantas Barreto:
Sua palavra de
pregador é insinuante, persuasiva, tocante e calorosa(...).O Exército
Brasileiro não se bateu contra nenhum idiota, em canudos, mas contra um místico
de inteligência superior, capaz de levar seu povo a uma guerra total (MELLO,
1997:83)
Após estas considerações observadas
nas bibliografias apresentadas durante o desenvolvimento das argumentações
acima, chego a conclusão que a afirmativa de Euclides sobre os últimos
sobreviventes da guerra de canudos, contém um excesso de ideologias assim como
todos os traços do Conselheiro criados por Euclides, para eternizar sua versão
como testemunha dos acontecimentos, mas enfim sabemos que o número de
sobreviventes foram muito além dos que se quiseram mostrar para a
historiografia.
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