quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Novõs olhares sobre a Historiografia Euclidiana nos conflitos de canudos


Baseando-me, em algumas buscas referentes à Guerra de Canudos e suas várias versões e interpretações, tomei como referência principal e norteadora para minhas conclusões o artigo de Vanessa Sattamini Varão Monteiro ( 50 anos de canudos/PPGHIS/PUC-RIO), por ela fazer uma reflexão acentuada sobre os perpasse da guerra de canudos tentando mostra que nem tudo que foi escrito sobre o conflito em Belo Monte pode ser considerado como verdade, uma vez que o interesse em calar a verdade foi muito maior do que o da memória, e sendo assim pôde fazer uma reflexão sobre o enunciado abaixo retirado de OS SERTÔES de Euclides da Cunha.

 

"... ao entardecer, quando caíram seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas, um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados. (...) No dia 6 (de outubro de 1897) acabaram de destruir desmanchando-lhes as casas, 5.200, cuidadosamente contadas".

 

 Vanessa Sattamini, em seu artigo tenta mostrar que a Guerra de canudos contada por Euclides da Cunha pode haver um excesso de exagero quando ela cita o pensamento do historiador Roberto Ventura, um dos biógrafos de Euclides, que afirmou certa vez que Canudos e Conselheiro incomodavam Euclides porque não cabiam na metáfora da linha reta pela qual ele, Euclides, se definia desde a juventude. A falta de simetria das casas de taipa erguidas sem um planejamento prévio remetia o engenheiro a um terremoto. Ainda observamos a partir deste artigo que Vanessa Sattamini, apresenta a antipatia de Euclides por Conselheiro quando apresenta a imagem do conselheiro que havia sido criada por Euclides:

(...) E surgia na Bahia o anacoreta sombrio, cabelos crescidos até os ombros, barba inculta e longa; face escaveirada; olhar fulgurante; monstruoso, dentro de um hábito azul de brim americano; abordoado ao clássico bastão, em que se apóia o passo tardo dos peregrinos.. (CUNHA,2001:215)

 

                Sendo que a imagem apresentada por pessoas que conviveram com conselheiro difere bastante do monstro descrito na obra de Euclides, assim como podemos observar nos depoimentos retirado do referente artigo: Maria Avelina da Silva assim o descreve: O Bom Jesus foi um santo homem que somente aconselhava para o bem. Nunca fez mal a ninguém. Francisca Guilhermina dos Santos, que tinha 15 anos quando o conflito começou reforça as palavras de Maria Avelina: Conselheiro(....) só dava conselhos bons. Manoel Ciríaco o descreve como Homem bom e respeitador. Mulher para ele era para se respeitar e muito.  E para reforçar ainda esta imagem descrita nos depoimentos vejamos o que escreveu o coronel Dantas Barreto:

Sua palavra de pregador é insinuante, persuasiva, tocante e calorosa(...).O Exército Brasileiro não se bateu contra nenhum idiota, em canudos, mas contra um místico de inteligência superior, capaz de levar seu povo a uma guerra total (MELLO, 1997:83)

            Após estas considerações observadas nas bibliografias apresentadas durante o desenvolvimento das argumentações acima, chego a conclusão que a afirmativa de Euclides sobre os últimos sobreviventes da guerra de canudos, contém um excesso de ideologias assim como todos os traços do Conselheiro criados por Euclides, para eternizar sua versão como testemunha dos acontecimentos, mas enfim sabemos que o número de sobreviventes foram muito além dos que se quiseram mostrar para a historiografia.

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